Encontrei um lugar ótimo para escrever minhas crônicas, estudar e fugir do frio - a biblioteca da Universidade de La Plata.
O silêncio reina por aqui. Escuto apenas as teclas barulhentas do meu computador cheio de plumas, o mudar de páginas dos leitores ferozes por livros e o leque da funcionária que anota os dados do entra e sai de gente. Quando cheguei, uma mulher mais jovem, morena e simpática me ajudou a conectar os cabos e a internet, depois apareceu outra, uma loira e um pouco sem paciência, agora, a protagonista usa óculos, é mais velha e tem um arco no cabelo.
Há pouco entrou um homem sério, barbudo e de óculos pequeno. Ele pediu alguns livros que não tenho a menor idéia de quem sejam. As páginas estavam tão velhas que os livros desmancharam em suas mãos. Talvez ele seja um historiador, um jornalista ou um físico, talvez faça uma biografia de algum homem importante do século XIX, talvez queira relembrar o positivismo. Ele ainda está aqui, concentrado e um pouco preocupado.
O teto é alto e branco, tudo é exagerado. Os móveis que aconchegam os livros são antigos, no entanto, ainda conservam sua beleza e brilho.
A mesa é espaçosa, as cadeiras são macias e estofadas de um couro verde escuro. Há também uma luminária verde que combina com as cadeiras, sua cor passa pelo cobre e chega ao grafite, resolvi chamá-la de retrô.
Não me arrisquei a pedir nenhum livro, tenho saudade do meu computador, que, aliás, não tem nada em comum com a biblioteca.
Agora o homem de óculos saiu com um papel pequeno na mão, ele deve ter encontrado algo que salve o mundo ou que nos deixe aqui, no mesmo lugar.