sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Esse blog vai ser diferente


Ontem o dia foi célere. Na verdade, estou numa seqüência de tarefas, projetos e reuniões. O trabalho me deixa num estado, digamos que de estabilidade, não no sentido "econômico"! Essa ocupação cotidiana faz com que eu esqueça, um pouco, de confusões interiores. De qualquer modo, quando volto pra casa a noite, vem a tona aquele desequilíbrio, uma dor profunda, daquelas que corroe os ossos. Já dizia Virgínia Woolf - "o acordar é o que nos mata".



 Depois da aula, resolvi alugar um filme, una película tranquila, intitulado - Julie e Julia, para não sair de casa. Têm dias que o meu lar parece um albergue, daqueles poéticos com cores vivas, toalhas floridas, quadros e músicas. Quando estava no Rio de Janeiro, no final de 2009, fiquei num albergue bastante lúdico, no bairro Catete (não lembro o nome), parecido com essa casa em que me encontro. Volvendo ao filme.

 A história é sobre duas mulheres que vivem tempos distintos. Uma delas chama-se Julia - cozinheira famosa que vivia em Paris com seu marido, no ano de 1949. A outra, Julie - personagem forte e sagaz, que quer ser Julia, a "celebridade da gastronomia". No entanto, Julie, mulher simples, divide seu trabalho entre ser secretária em uma empresa e cozinheira nas horas vagas. Ela cria um blog para contar seus testes na cozinha e também o seu cotidiano. De início, o blog não é seguido por ninguém, ao não ser pela sua mãe. Posteriormente, as páginas lotam de comentários dos internautas. Enfim, as personagens vão se entrelaçando, cada uma em seus respectivos contextos temporais e sociais. Ora as cenas se fecham na vida de Julie, ora na de Julia. O gosto pela comida, o cheiro que parece invadir a sala, paladares aguçados, e principalmente, o trabalho, são retratados no filme.

 Não vou contar o final, até porque dormi um pouco antes de aparecer o the end

Mas, o exemplo citado cabe bem, pois ontem senti a mesma sensação (imagino) que Virgínia, quando escreveu a frase que citei no início desse texto: "é o acordar que nos mata". Alguns meses atrás, essa frase andava comigo. Sentia dificuldades para escovar o dente, tomar banho, café da manhã, ou seja, a rotina maldita. Porém, o filme me instigou de tal maneira, que acordei com as seguintes palavras na testa, eis aqui as danadas: trabalho, vida, amor, "o acordar é o que nos faz viver". Foi incrível, a dor de acordar foi embora, como nuvens apressadas. 

No fim, me perguntei, por que doe tanto? Que medo é esse de viver e enxergar o globo lá fora? Por que não viver como Julia e Julie, amando suas funções cotidianas, tendo o prazer de levantar e olhar a vida de outra maneira?




4 comentários:

  1. porque você escreve mas não fala sobre isso?

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  2. "Se vc acordou é pq está viva, comemore isto, viva mais um dia com alegria, viver vale a pena!" Bjs.

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  3. É incrível como me identifico com as coisas que você escreve, Nati.
    Gosto de ler as suas coisas, de alguma forma a distância fica menor...

    Precisamos conversar mais!

    Beijos, flor.

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  4. Parabéns Nati! Adorei a nova cara do blog!

    Me identifiquei com o texto, por que será?!!!

    Preciso assistir esse filme haha bju

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