Estou escrevendo um livro. Não tem nome, apenas uma página. Acho que essa será a minha luta, cada um tem a sua, e a minha é escrever. Não sei se vou terminar, nem se vou parar no meio do caminho.
Ontem uma amiga disse que a arte é que escolhe a gente. Estou me sentindo escolhida por ela, a literatura.
Em fevereiro vou para Argentina, quando liguei pra minha mãe choramos. E olha que nem e tão difícil de conseguir uma mobilidade para lá. Mas lembramos da minha trajetória de escola estadual, alguns anos no cursinho para o vestibular, enfim, agora outro país.
As vezes precisamos parar um pouco e olhar pra trás. Muitas vezes pensei que era imutável.
Mas não, nós estamos nos movimentando, fazendo coisas, crescendo e vivendo.
A escritora Adélia Prado foi no Fórum das Letras desse ano e falou mais ou menos isso: o que temos em comum senão o COTIDIANO. E o que haveria de ser... Até citou o cocô do bebê, as batatas no fogo, o amor, a morte. Tudo está no cotidiano e nós também. Façamos acontecer!
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A festa de 15 anos
O brilho do vestido laranja, sandálias que pareciam ser de pérolas raras, brincos reluzentes ao encontro das luzes frenéticas, sapatos pretos, gravatas coloridas e uma surpresa: a drag queen.
Não foi uma festa de 15 anos qualquer, apesar de achar essa celebração um tanto piegas, esse encontro da "sociedade serralitrense" (palavras usadas pelo próprio apresentador) me fez relembrar momentos jamais esquecidos nesse lugar, onde passei toda a minha infância e adolescência. É como sentir essa vivência sendo carregada, agora, pelas águas de rios diferentes.
Na festa fiquei observando as pessoas e seus trejeitos. Por várias horas fiquei pensando que as meninas pareciam todas iguais, com vestidos similares e cabelos lisos. Senti tão diferente de todas aquelas mulheres e em pensamento critiquei essa unidade feminina. No entanto, não percebi o quanto fui preconceituosa. Por achar que eu me destoava delas, pensei que o diferente estava só em mim. E mais do que isso, esqueci da distinção que cada pessoa carrega e suas história de vida. Enfim, aquelas roupas me tomaram, tinha como verdade só o meu jeito como o certo.
As músicas fizeram até os mais velhos mexerem o quadril. Num ambiente tocava música sertaneja e no outro baladas, axé, funk e outros ritmos.
Quando a drag entrou em cena - e isso na Serra do Salitre jamais aconteceu - as reações foram diversas. Alguns reprovaram aquela figura caricata, outros até tiraram fotos e se deliciaram ao som de It´s raining man!
E no meio do meu pensamento mesquinho, percebi o quanto todas aquelas pessoas são, a sua maneira, elas próprias.
No fim, sempre é bom voltar, rever os amigos, a família e os vizinhos. Para além disso, como é importante desconstruir velhos pensamentos e partir para um novo olhar sobre as coisas e as pessoas.
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