segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A liberdade de Alice - ficção


O relógio marcava duas e meia da manhã. Os passos no corredor marcavam o chão encerado de um vermelho vivo. Alice parou, e num momento reflexivo, pensou se entrava no banheiro ou não. Ela estava com o pacote no bolso, mas decidiu continuar. Quando chegou em frente a porta de seu quarto, leu uma frase que ela mesma escrevera - "Nada mais continuo do que andar". Então, a adolescente de cabelos pretos, magra e braços brancos, voltou ao banheiro, olhou-se no espelho e criou coragem. Tirou o pacote da calça jeans apertada, alguns resquícios caíram ao chão. O nariz pontudo se aproximava da pia branca e num ímpeto, a porta tocou. Ela interrompeu sua atividade e perguntou quem estava incomodando, era sua mãe querendo fazer suas necessidades humanas. Alice pediu que a mãe a esperasse. Encheu os pulmões, respirou fundo e tacou pra dentro aquele pó esbranquiçado. Lavou o rosto e saiu apressada sem olhar para trás. 

Alice nunca tinha tido tal experiência, mas, naquela semana resolveu se aventurar num mundo que ela considerava lúdico, mesmo sem saber se o era. Quando entrou no quarto, a mãe estava saindo do banheiro. Bateu a porta e deitou na cama dura. O quarto não era tão bonito. A escrivaninha de madeira ficava ao lado do cabide, onde colocava suas roupas sujas e algumas bolsas. O guarda-roupa era pequeno e bagunçado, não tinha espaço para mais nada, ao não ser os livros que ela tanto  cuidava. Passado quinze minutos, Alice sentiu suas mãos como nunca sentira antes e começou a fazer formas geométricas com os dedos. Depois fora a vez das pernas. Ela girava na cama incansavelmente como uma criança ativa. A testa estava suada, Alice abriu a janela, a casa tinha dois andares, embaixo a sala, cozinha e a lavanderia. Em cima, o banheiro, o quarto dos pais e o seu. 

As pernas e os braços não paravam, Alice dançou em círculos, se fantasiou com algumas roupas que achava diferente daquelas que usava no dia-a-dia. A janela ainda estava escancarada. Então, ela pulou.




Entre no site: www.stereomood.com 
Você pode ouvir músicas de acordo com a ocasião em que se encontra. Por exemplo, cozinhando, fazendo amor etc. Aproveitem!



2 comentários:

  1. a tristeza profunda é sinal de almas igualmente profundas. gostei muito do texto, principalmente no final. o nó na minha garganta é sintoma e prova disso.

    beijo!

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  2. Dá uma olhada no: http://www.naturamusical.com.br/
    É a mesma pegada desse site de "trilhas sonoras" aí. Achei bem legal!

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