quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Gozo

Um final de semana fora de casa, no mato, na Índia, tomando chá e comendo sardinha fresca. O cheiro de incenso, a cara limpa, a fumaça cor de luz. Tanta coisa, tanta porta.
Um sentir quase cansativo, no entanto, revelador, místico, inventivo, real, afetuoso ...  para-além. Com alguns me sinto para-além, além palavra, "atrás do pensamento".
Talvez esse texto seja, então, para poucos. Para uma ou duas.
 Quero ser consciente dos encontros, do gozo que me sai verdadeiramente.
 Sigo com a minha pequena e genial coleção de CDs e gozo. Leio a biografia de Elis e gozo. Grito Clarice, Adélia e Virgínia. Gozo. Escrevo sobre nós, sobre mim, ultrapasso as bordas e gozo. Um gozo não idiota, um sopro de quem sabe o lugar que ocupa.
Que lucidez é essa que se aproxima? Estou mais calma. Tenho me posicionado... tenho. A fala sem muros e sorrio para o novo. Falo do Brasil, da classe média cega e compro, compro pensando.
Milhões de neguinhos, reis.
Maurício, por favor, me salve!
Lohan, meu querido francês ritualístico, me leve para a lagoa novamente. Fumamos a vida!
Vânia, me deixe entrar em sua voz. Conversamos sobre as células, a leveza. Vamos manter um diálogo sobre a mulher, carboidratos e proteínas.
Lúcia Castello Branco, nos encontramos no divã para tomar um vinho feito pela Psicanálise?
Quanta coisa deixei de comer, quantos lugares estive em três dias. "Da maior importância", tudo.
Eu gosto quando as portas se abrem, portas que já me habitavam e só precisava de alguém, de encontros, de gente que gruda e fica. Gente pouca.
Acendo novamente, forte e faço luz.
25 anos e uma cuca legal!

"Saiu à rua, escolheu demoradamente um saco de bombons. Terminou comprando um, bastante grande, de damasco. Quando dobrasse a esquina, chuparia o primeiro bombom, as mãos nos bolsos. Seus olhos se enterneceram pensando nisso. Por que não? - perguntou-se de repente irritado".

Perto do coração selvagem, Clarice Lispector.








 


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