sábado, 8 de junho de 2013

2:29.

Vejo pequenos rabiscos de luzes, os postes solitários
das ruas distantes.  Penso neles,  os transeuntes noturnos. Olhos gigantes. Os "pensageiros" da noite fria, os postes. Escuto um inglês-baiano. Caetano. Elis. 
Os diálogos na sala  e me perco na epiderme fina dos dedos quase maduros. Minhas mãos formigam. Penso naquela mulher absurda. Penso naquela palavra, aquela escondida. 
Penso tanto que já me foi. Um gole de vinho, um trago cheio.
Vivo o marrom no marrom. Uma casa de madeira feito sonho. 
Uma casa aberta assim como a vida.
Penso tanto que não escrevo nada. 
Quando foi a última vez que entrei numa piscina qualquer e abracei a água?
Que tempo era essa  em que eu mergulhava com olhos abertos e lá no fundo dançava
empurrando a água?
Tanta coisa aconteceu. Nasci velha. 
Você entende? E não tem que entender. Por favor, palavra é coisa rara.
Palavra tem cheiro, som, sopros. Suspiro. A palavra também nada. Nada no abismo. 
Entre um ponto e outro há um abismo. Buraco que posso preencher ou não. Então há um escolha?
Eu posso matar você. Eu posso ser outra. Outras. Também posso pensar nessa mulher absurda
girando sem parar. Eu posso inventar um amor. Uma mulher. Homens sem destino. 
Ruas sem fim. Pernas a voar.
Quanta coisa posso inventar. Que alívio. 
Entenda o meu silêncio. Quanto mais silêncio, mais danço.



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