segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Do começo ao começo

                                                                            Cada lugar  é, à sua maneira, o mundo  (Milton Santos)        








Da minha história ninguém me tira, o narrar é meu. Tem história que vira história única.Explico-me: a África foi e ainda é história única (selva, pobreza, selvagens... e vai por aí), Argentina (tango e tango) Brasil (samba, futebol e futebol).  E pergunto, quem escreveu a nossa história, a história dessas ex-colônias? Nós sabemos quem foi John Kennedy, e qual é o atual presidente da Costa Rica? Eu não sei.  Sabemos mais de Napoleão ou Simón Bolívar?
De modo que, por detrás dessa história única tantas outras ficam a mercê. O problema é que faltam pedaços.


"Os estereótipos não são de todo falsos, são incompletos"


Saí sozinha. Eu tinha uma única certeza: minha história de vida. O que se leva na bagagem? Memórias e toda uma vida. Saber contar minha história significa para mim estar no mundo, fazer parte dele e de outras tantas histórias.

Histórias tem haver com experiência, lugar, infância, comida, gente, cachorro, pé de amora... medo. Quando eu era criança fazia as malas e dizia para minha mãe: vou embora. E ficava ali perto da porta, mas logo voltava. O medo sempre esteve tão perto de nós, é como um avestruz que esconde a cabeça ali. 





Passado é coisa divina. Passado sempre está. Passado foi o último ponto que eu coloquei antes de começar outra frase. E agora já não sei. Passado é tanta coisa. 

Tive medo quando pisei no concreto. Concreto é coisa desconhecida. Cheguei de ônibus na Argentina. Cheguei por terra. Fui buscar, eu tirei a cabeça, literalmente. Medo é coisa que vem e vai. Ele foi também, igual a mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário