Hoje a tarde passamos por Purmamarca uma cidadezinha quase feita de areia e pó a vinte minutos de Tilcara. Já estamos quase na fronteira com Bolivia. Agora a chuva cai lenta assim como esse povo que caminha com olhos e cabeca para baixo por entre as montanhas coloridas . Nunca vi um lugar tao maravilhoso e chego a sentir tristeza.
O povo aqui tem tracos bolivianos, tanto na cor como no cabelo. Mas os olhos dessa gente me dizem mais. Olhos que focam em um só lugar e que , apesar de ainda estarmos em terras argentinas, continuo achando que aqui é Bolivia. Talvez tenha me acostumado com os portenos e aquela maneira empinada de falar. É que Buenos Aires nao é Argentina? e estando aqui, penso que lá na capital a bolha comeca a crescer entre eles.
Aqui venta muito, estamos a dois mil e poucos metros e areia entra nos meus olhos. Talvez seja bom por agora, talvez eu nao queira enxergar que estamos naquela parte nao PULCRA da América do Sul e eu queria que o mundo olhasse pra essa gente de rosto forte de maneira distinta, nao como inferiores.
E fomos nós, ora bolas, porque essa gente anda assim como avestruz? Nós decidimos quem está em jogo, e qual é a bola da vez.
E me sinto uma turista branca de cabelo loiro e isso nao me apetece.
Quero acreditar em nós, no povo latino, na nossa maneira pura de bailar.
Por um lado a natureza quase explode de tanta beleza, por outro o sofrimento, a pele pedindo socorro, dinheiro trabalho, justica e tudo isso vai estar aqui dentro de mim pelo resto da vida.
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